3 . 5 . 2022
Pele: um material único, utilizado para a criação de uma vasta gama de artigos e produtos, desde os sapatos feitos à mão até aos livros de capa dura e de encadernação única.
A pele é, literalmente, obtida a partir de diferentes peles dos mais diversos animais. É um dos mais antigos recursos à nossa disposição e cuja história remonta a mais de sete mil anos. Ainda hoje é uma das escolhas mais populares, talvez mesmo a mais popular que se pode fazer no momento de escolher um material de qualidade com o qual trabalhar e criar novas peças.
Forte e flexível, duradouro e reciclável, há muito que se pode dizer sobre a pele enquanto material de qualidade e as razões pelas quais, na Carlos Santos, a utilizamos para a criação de sapatos feitos à mão. Quando se questiona acerca do modo como são feitos os nossos sapatos, é pela pele que tudo começa.
Todos os artigos ou todos os tecidos criados a partir da pele de um animal é considerado um material em pele. Este material é obtido a partir de um processo único chamado curtimento, seguindo-se vários tratamentos químicos que o tornam mais maneável e mais seguros para a saúde dos consumidores.
Quase todos os animais podem ser utilizados para a obtenção de pele, desde os maiores – como as vacas ou os cavalos (e até os crocodilos) – até aos mais pequenos.
Contudo, tal não significa que todos os animais são utilizados para o efeito. Em muitos países do mundo, particularmente na União Europeia, existem leis rigorosas que se aplicam também para a proteção de certas espécies.
No caso, a produção da chamada pele genuína é feita a partir dos animais cujos fins são previamente estabelecidos, como é o caso do gado utilizado para a produção de alimentos para a população. Curiosamente, era também isto que os nossos antepassados faziam.
Há milhares de anos atrás, a sua sobrevivência dependia diretamente da caça. Quando eram capazes de o fazer, todas as partes do animal eram utilizadas e a carne que os animais forneciam era tão importante como a sua pele. Enquanto a primeira os alimentava, a segunda oferecia-lhes novas camadas de segurança e proteção, principalmente contra as condições climatéricas.
Até os ossos dos animais eram reutilizados e transformados em diferentes utensílios úteis ou em peças de armamento.
Esta forma de agir manteve-se até hoje, razão pela qual cerca de 70% de todas a pele produzida no mundo é proveniente das vacas. Contudo, o processo de produção da pele é composto por diferentes técnicas, resultando em diferentes tipos de pele, como veremos mais à frente.
A forma como a pele é feita depende, antes de mais, do tipo de animal que a fornece e que, por sua vez, influencia todo o processo. No entanto, ao colocarmos este tipo de pormenores de lado por um momento, é possível dizermos que o processo engloba, geralmente, três etapas.
O primeiro passo para o fabrico de pele requer a sua preparação para as etapas posteriores. Na prática, estra preparação assenta, sobretudo, na remoção do pelo que ainda se encontra presente, sendo que algumas peles são também tratadas quimicamente nesta fase.
O curtimento é a etapa mais importante de todo o processo de fabrico de pele. Curtimento é sinónimo de “preservação” ou de “imputrescível” e esse é, precisamente, o objetivo nesta fase.
Para que isso aconteça, as peles são previamente preparas e limpas, seguindo-se um tratamento específico com o que chamamos de um “agente curtidor”. Os três agentes mais utilizados para o efeito são o tanino vegetal (ácido tânico orgânico), os sais minerais (como o sulfato de crómio) e diferentes óleos de origem animal.
Em suma, o objetivo desta fase é tornar um pedaço de pele em algo mais resistente, duradouro e sustentável, bem como oferecer-lhe mais flexibilidade, de modo a torná-lo flexível e elegante, pronto a ser utilizado para os mais diversos fins.
Seja qual for o seu propósito final, a verdade é que a pele ainda precisa de passar por uma fase de acabamento. Isso é feito através de um processo que a amacia e seca, antes de se dar início ao trabalho artesanal.
No final do dia, a pele pode ser dividida em duas categorias, cada uma com três subcategorias. A estes, juntamos ainda um tipo de pele “ligada” ou “colada” (em inglês bonded leather) e o tipo de pele falsa ou faux leather.
O tipo “ligado” ou “colado” é literalmente feito de restos colados e ligados uns aos outros, produzindo uma peça única em pele, enquanto o tipo “faux” é uma alternativa sintética à pele animal.
Os outros seis tipos de pele são os seguintes:
Pele Top Grain:
Couro Curtido:
Todos estes tipos de pele têm as suas próprias características: a Full Grain é considerada a mais resistente e grossa, por exemplo. A camurça, por outro lado, tende a ser mais macia e suave. No entanto, todas partilham os mesmos benefícios.
Uma das razões pelas quais a pele é utilizada para tantos produtos diferentes está associada às vantagens que o material é capaz de oferecer aos mestres artesão espalhados por todo o mundo.
A pele é utilizada para a criação de vestuário como os casacos, sapatos de qualidade como os que criamos à mão na Carlos Santos, peças de decoração para a casa, como os sofás, ou estofos desenhados para carros de luxo e ainda equipamentos desportivos, como as luvas de basebol.
Além de versátil, a pele é muito resistente e duradoura. Pode ser mantida ao longo de muito tempo e reparada sem esforços de maior, proporcionando, ao mesmo tempo, comodidade e uma sensação de beleza única.
É por todas estas razões que a pele é considerada um material tão atraente para trabalharmos.
Tanto natural como resistente, a pele tem uma capacidade única que nos permite criar sapatos de qualidade, feitos à mão.
